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Desertos Verdes

by Quartzo

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1.
1. Entartete 04:48
ENTARTETE O segredo de Hermerico num caixom hermético morte por corte, ao / Polo Norte magnético sei dum lugar exótico aqui mesmo: endótico longe do mundo robótico: é erótico e herético. Um dia dionisíaco num périplo homérico, é tétrico esse templo; o home espido é o mais rico à luz do sol e o sal coa sua pele e o seu esprito, co som do amor e o mar, a Ítaca voltar invicto. É hipnótica a hipóxia se vos levo na memória É muita cousa boa, esta obsessom obtusa pola janela boto uma pelusa, ela voa, ela voa, ela voa, liviá, cara à lua. E se um dia tou fodido de forças farei acópio, e se um dia tou fundido tirarei de periscópio e se vejo longe Escórpio colherei o telescópio e se me sinto um micróbio viajarei co microscópio a reticulares cidades de células de cebolas, aquiteturas barrocas de grãos de sal e de sucre, redes de plasma e ferruge do que viaja no sangue, os culharapos do seme e verei a vida num bucle. Pola janela boto uma pelusa, ela voa, ela voa, ela voa, liviá, cara à lua. Pola janela boto uma pelusa, ela voa, ela voa, ela voa, liviá, cara à lua. No mar espelho-me, no céu espalho-me, derradeiras redeiras das aranheiras de Spider-Man. De rio som pirata, no ombreiro um odonata, pobre coma uma rata porque nunca tivem prata, e Tou em dívida coa dúvida, é uma dádiva divina sei duvidar da divindade quando se aproxima uma certeza sólida, que é tóxica, por cima se a dúvida é metódica, a verdade é cristalina. E se um dia tou fudido de forças farei acópio, e se um dia tou fundido tirarei de periscópio e se vejo longe os astros pegarei no telescópio e se me sinto um micróbio viajarei co microscópio a reticulares cidades de células de cebolas, aquiteturas barrocas de grãos de sal e de sucre, redes de plasma e ferruge do que viaja no sangue os culharapos do seme e verei a vida num bucle. Pola janela boto uma pelusa, ela voa, ela voa, ela voa, liviá, cara à lua. Pola janela boto uma pelusa, ela voa, ela voa, ela voa, liviá, cara à lua.
2.
2. Sakhalin 05:11
SAKHALIN RUBÉN: Já nom passam comboios pra Vladivostok, somos árvores bêbadas no permafrost, orgânulos na célula e os grânulos na sêmola soubera, quem soubera, quem soubera voar! À procura duma ilha que rompa o isolamento obtendo a maravilha do carvão do tormento, eu nom sonho cousas, as cousas vivem dentro, elas som o sujeito, eu sou o complemento. A miséria e a tolémia acejam nas esquinas, eu voo prá Sibéria, vou além das minhas ruinas, vou pró Vostok, nascer do sol os teus anos dourados no Komsomol. Outubro Oxul, Ural, Soyuz, paxaros do cosmódromo de Baikonur o espelho do oceano tá calmo como um prato, Pacífico assassino, refúgio do insensato. Calma no céu de Sakhalin, vagar no mar de Sakhalin, nom mentem se che contam que fugim, quero ficar aqui, por fim cheguei a mim. MARTIM: Já não passam comboios pra Vladivostok, somos árvores bêbadas no permafrost, orgânulos na célula e os grânulos na sêmola soubera, quem soubera, quem soubera voar! Já não passam comboios pra Vladivostok, somos árvores bêbadas no permafrost, orgânulos na célula e os grânulos na sêmola soubera, quem soubera, quem soubera voar! (Shhh...) Sei de uma língua… península reticente, falam lume e sinto quente, sopa de aldeia, sol poente. cheira-me a lobo, uivo, não estou ciente, que esta estação que represento é imovel ao momento. não (…) tenho alicerces no coração acredito em montes de construção pois de inverno não é o verão não (...) se numa Cracóvia distante existe a escolha da vergonha de engolir uma canção sem idioma e lua. a garganta do ‘autocanto’ que canta o codax, congela no recôndito a ilusão da estepe. trânsito na neve, vinho, livro-a-corte de árvore. livre-a-corte torpe, vivo da existência, a morte. pessoas mortas não escrevem livros nem carruagens sou páginas e imagens, das janelas as paisagens. não mentem se contam que eu fugi, mas por ficar em mim, mas por ficar por ti. Sakhalin (...) morrer no mar. Okhotsk é cemitério, não quero acabar. Sakhalin (...) morrer no mar. Okhotsk é cemitério, não quero acabar.
3.
NEOPETRÓGLIFOS Saím pra me afastar aos mundos que mais longe tam, Ofiúco, Aldebarám, Eirapedrinha e mais Framám. Depois de muito andar cheguei a andar a uma central de grande chaminé, nom sei se térmica ou nuclear. Vinheches-me pedir melancolia de peirão? tenho uma tonelada impregnada em cada mão, e tenho pés de chumbo que andárom tanto mundo... sartegos de madeira no monte do Confurco. Nimbos, cirros, cúmulos e estratos, bandadas de mil patos, elétrico aparato caminhos paralelos aos que andárom os sapatos, nuvens feitas de fume do lume num retrato. Furam o nosso céu um par de corvos de aziveche, a cor das nuvens é-che dos anos que tiveche: plúmbeo, e dói e pesa o chumbo dum sonho tam profundo, dum credo tam rotundo. Pugem o automático piloto, metamorfosei-me em flor de loto, som habitante dum mundo roto, ainda que por dentro tenho outros. Nas beiras dos caminhos hai sabugueiros tolos co seu gume de sabugo que sugam o sangue a grolos, nas moas dos moinhos hoje medram os borolos, e os arames de espinho que se cravam nos miolos. É síndrome de Stendhal e sinto-me anormal, pendurado do estendal, cos pés longe da terra, sonho com lugares que existírom nalgum tempo, e que estavam bem perto: amnésia, memento. Vejo centrais nucleares em nenúfares; o Far West, mensagens em garrafas que atravessam os mares, recifes de polímero, arquipélago de plástico, um mar policromático parece-me fantástico. Hoje saquei as botas e os pés do lameiral, campos de Ricola, montes de Respiral, um sonho entre coníferas sem pílulas soníferas, aí vam as minhas vísceras fluindo na espiral. Pugem o automático piloto, metamorfosei-me em flor de loto, som habitante dum mundo roto, ainda que por dentro tenho outros.
4.
4. Vintalgia 02:52
VINTALGIA Expatriado do meu século, vivo num tempo estranho, o dianho no meu corpo entra como o tangaranho. Nom é vintage; é vintalgia, erguêrom-se mil muros desde aquele dia. Expatriado do meu século, vivo num tempo estranho, o dianho no meu corpo entra como o tangaranho. Nom é vintage; é vintalgia, erguêrom-se mil muros desde aquele dia. Ainda nom acabaram os noventa, vim-te em Ferradura Aberta e foi o sinal de alerta (ah!), sonhámos com Bin Laden e Abu Bakr al-Baghdadi, um 'Back to the Future' co Safari e mais co Fari, os G.I. Joes vinham nos cereais, o dianho era Sadam; Bertamiráns um lameiral, o Jon Idigoras e o Pressing Catch; o Aiatolá, Hulk Hogan, as balas do GAL, a Perestroika, e mailo Glasnost, Mikhail Gorbachov, que figeche, 'alma de Dios'? Chino Cudeiro, Mutenrohi, as tartarugas e mais Bulma, saionara, camarada; Fukuyama, cowabunga! Cobi e mais petra a esnifar(em) Barna, o Boris Ieltsin a dar-lhe ao vodka, período especial, sarcófagos de cal, baía de Pasaia, emboscada criminal. Picoro e mais Krilin, o Urkel e o Scritch, promessas de futuro num buró: chamam-se Maastricht. Sonhaches com Manhattan e acabaches em Mathausen, querias viver em Friends, e foi 'Arbeit macht frei'. Expatriado do meu século, vivo num tempo estranho, o dianho no meu corpo entra como o tangaranho. Nom é vintage; é vintalgia, erguêrom-se mil muros desde aquele dia. Expatriado do meu século, vivo num tempo estranho, o dianho no meu corpo entra como o tangaranho. Nom é vintage; é vintalgia, erguêrom-se mil muros desde aquele dia.
5.
SALGUEIRO BRANCO, SALGUEIRO NEGRO Salgueiro branco, salgueiro negro: raiganhas ancoradas num mundo no que me integro. Avelainha, avelaiona: por fim vemos espida a realidade sem a tona. Salgueiro negro, salgueiro branco: mostra-me o teu canto se me perdo ou se me atranco. Avelaiona, avelainha: da vida e mais da morte ti és a deusa e a rainha. O meteorólogo do espírito falou de lôstrego, o meigo e mais a bruxa de coruja e de morcego. O crego? Nada dixo: tava xordo, mudo e cego, o duunviro e o vampiro mergulhados no seu ego. Minguante e esbrancujado, coma a lua daquel dia, coma o sol daquela noite, mergulhado no oceano, miúdo e palpitante, coma as estrelas na ria, coma a lua daquel dia, minguante e esbrancujado. A chuva e mais o trono som coma um cam sem dono, elas enchem com água esta estrutura de carbono, enchoupa-me, alaga-me, reborda-me, mergulha-me, o choro desses coros do fundo dos encoros. Castinheiros som titáns em ascenso helicoidal que prendem o alto céu agromando do seu solo, nascendo do seu solo, eles fendem o cham, feito todo de veludo coma a folha dum rebolo. Salgueiro branco, salgueiro negro: raiganhas ancoradas num mundo no que me integro. Avelainha, avelaiona: por fim vemos espida a realidade sem a tona. Salgueiro negro, salgueiro branco: lembra-me o teu canto se me perdo ou se me atranco. Avelaiona, avelainha: da vida e mais da morte ti és a deusa e a rainha. Do vidro co seu brilho, do grilo co seu chio, do rio co seu vímbio, de mim co meu fastio, do pinheiro co esquio, de outubro co seu frio do fogo co seu gume; do lume co seu fio. Num labirinto de espelhos perdo-me, coberto do cansaço que me dá ser home, banhado na ignorância do meu próprio nome, na matéria e na forma perdo-me, Penduram as nossas partes de enferrujados guindastes, ignorantes desta fase somos escravos do quase. O futuro é uma mentira pola que luitar, o 'carpe diem' é trampa de ratas, onde um já foi feliz nom se deve voltar, neste deserto hai reflexos que matam. Salgueiro branco, salgueiro negro: raiganhas ancoradas num mundo no que me integro. Avelainha, avelaiona: por fim vemos espida a realidade sem a tona. Salgueiro negro, salgueiro branco: lembra-me o teu canto se me perdo ou se me atranco. Avelaiona, avelainha: da vida e mais da morte ti és a deusa e a rainha.

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released September 7, 2022

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Quartzo A Coruña, Spain

Sonho o sono que a este sonho me trouxo.

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